PRINCIPAIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO USO DE AGROTÓXICOS EM MONOCULTURAS.
As mudanças ocorridas na agricultura brasileira nas últimas cinco décadas estão associadas ao paradigma da Revolução Verde. Este paradigma inclui a incorporação de pacotes tecnológicos voltados para o aumento da produtividade agrícola.
Apesar dos incentivos governamentais de modernização agrícola terem beneficiado majoritariamente grandes produtores, a agricultura familiar também incorporou este modelo produtivo. Na última década pesquisas apontam para o consumo crescente de agrotóxicos pela agricultura familiar no Brasil.
Os nossos resultados indicam que a incorporação de agrotóxicos está associada à forte presença de cultivos de monoculturas que aumentam a necessidade de controle de pragas e ervas. Além disso, esta adoção é percebida como minimizadora de tempo e de custos operacionais. No que se refere ao manuseio, práticas como queima de embalagens vazias, estocagem dentro das residências e não-uso dos equipamentos de proteção foram práticas comuns no assentamento, refletindo assim uma baixa percepção do risco em relação a estes produtos. Os resultados também apontaram para um baixo nível de entendimento em relação à maioria dos significados, o que parece se refletir num controle precário das práticas laborais, e na piora das condições de saúde e ambiental como resultado do uso de uma grande gama de produtos químicos.
Os impactos ambientais e na saúde provocados pelo uso de agrotóxicos têm sido muito discutidos nos últimos anos. No entanto, desde a década de 60, cientistas tais como a pioneira ambientalista Rachel Carson – que denunciou em seu livro polêmico “Silent Spring” a morte de espécie de pássaro pelo uso de DDT nos Estados Unidos – iniciaram o debate sobre os efeitos trazidos pelo uso intensivo e extensivo destas substâncias na agricultura.
Em primeiro lugar, os principais elementos da natureza que sofrem danos por entrar em contato com os produtos químicos são o ar e o solo. Assim, os microorganismos que são essenciais para esses espaços, tais como artrópodes, minhocas, fungos e bactérias, bem como abelhas polinizadoras, estão diretamente susceptíveis à contaminação. Sem dúvida, sua eliminação causa diminuição da produtividade das plantas. Em segundo lugar, a dispersão dos agrotóxicos no ar causa não só a morte das espécies-alvo, mas também outras espécies do ecossistema, como pássaros, e até mesmo espécies predadoras das pragas. Um terceiro dano advindo desses produtos é a contaminação de corpos hídricos, através da lavagem do solo pela água da chuva em direção ao lençol freático, erosão de solo e vento outro problema de saúde pública oferecido pelos agrotóxicos é a presença de resíduos desses produtos nas cascas e no interior dos alimentos. Muitos estudos conduzidos nos Estados Unidos, baseados em amostras, relataram que muitas hortaliças (como tomate, cenoura, rabanete. No Brasil, foi só em 2003 que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou uma pesquisa que mostrava que numa amostra de 1278 alfaces, bananas, cenouras, maças, tomates e abacaxis em quatro estados, 81,2% estavam contaminados com resíduos de agrotóxicos. Sérias irregularidades foram encontradas entre 233 amostras daquele grupo, onde 94 revelaram resíduos que excedem a dose permitida, e 74 revelaram a presença de agrotóxicos não-registrados. Toda monocultura é prejudicial na natureza, pois empobrece o solo, fazendo com que perca seus nutrientes, os quais não são repostos.
O ideal é a diversificação de culturas temporárias. É interessante notar que os núcleos que plantam mais “abacaxi” concentram o uso de quase todas as classes de produtos de agrotóxicos.
ATIVIDADE
01- Quais os riscos do cultivo da monocultura em uma propriedade rural?
02- Retire do texto os efeitos negativos do uso de agrotóxicos na agricultura?
03- Elabore um “questionamento” tendo como referência o texto em estudo.
04- Busque na Internet outro texto que aborda a questão do uso de agrotóxicos na agricultura e publique em “comentários” a URL do mesmo.